segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Recordar é sofrer



Ainda estou para saber quem foi a imoderada alma que disse que “recordar é viver”. Tal génio não deve, de certo, ter vivido algo realmente bom de recordar, caso contrário teria mudado a sentença que nos deu a conhecer.
Recordar é sofrer. É doer cada aresta de alma por um passado que ainda não passou. É um sofrimento doce. É um desconsolo emoldurado. É uma perdição que nos percorre o corpo e nos assoberba as veias de demência. É padecer por aquilo que já não podemos viver mais. É, por fim, enxugar as lágrimas da saudade, numa impotência humana incorruptível.
Não é, no entanto, motivo para ficarmos sentados a ver esta vidinha ultrapassar-nos enquanto estamos presos na mágoa do que não volta. Não. Havemos sempre de seguir com a vida, mesmo sem darmos por isso: a vivê-la ou a fazer de conta, seguir em frente ou ficar para trás, mas iremos sempre a par dela. Prova disso são as rugas que nascem todos os dias e adornam os nossos olhos, ou um novo cabelo branco, ou seja lá o que for.
A vida continua. E a dor também.
A verdade é que quanto mais recordarmos, menos vivemos, e mais ficamos parados a pensar nos anos transactos. Por mais estúpido que seja, é precisamente isto que torna a nossa existência algo com sentido: o não podermos voltar a trás, o sermos obrigados a seguir em frente, e, obviamente, a saudade, para nos lembrar que não somos um só corpo proeminente que está a viver um dia singular, mas um ser que com precedentes e com uma história de vida.
Como alguém disse – “tudo é mais maravilhoso porque estamos condenados, porque cada momento pode ser o nosso último, e nunca mais voltaremos a estar aqui”.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

maus momentos?!


Passamos momentos e momentos na nossa vida sem sermos confrontados com decisões importantes mas parece que, quando esses momentos chegam, surgem todos ao mesmo tempo. Nem sempre sabemos como reagir perante essas situações e, por isso, nem sempre reagimos da melhor forma e tudo se torna mais difícil quando a pessoa que menos esperamos nos magoa sem explicação. Num primeiro momento tentamos controlar as nossas emoções e dizemos para nós mesmos: não chores, não grites, levanta a cabeça e defende-te!

Mas, as vezes, esse controle falha e nós não conseguimos evitar expor os nossos sentimentos. A nossa alma fica vulnerável, choramos, gritamos, magoamos e somos magoados a um ritmo alucinante.

Quando tudo termina, o nosso corpo cai de exaustão e adormece porque queremos acordar no dia seguinte sem nos lembrar-mos do dia anterior mas não conseguimos. A nossa alma pesa e nosso corpo não se move face à falsidade e à mentira, não conseguimos permitir que nos magoem vezes e vezes sem conta.

Podemos sempre tentar perdoar mas nunca devemos deixar que tudo volte ao mesmo... precisamos estar protegidos contra tudo e tudos mas nunca contra aqueles que nos fazem felizes.

Há medida que o tempo passa percebo que esses que me fazem feliz são cada vez menos e, por isso, cada sorriso e cada gesto meu vai para eles que estão sempre aqui... obrigado!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A Lenda do Narciso


"Narciso era um belo rapaz que todos os dias ia comtemplar a sua própria beleza num lago, estava tão fascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do lago e morreu afogado.
No lugar onde caiu nasceu uma flor, que chamaram de narciso.
Quando Narciso morreu, vieram as Oréiades - deusas do bosque - e viram o lago, de água doce, transformado num cântaro de lágrimas salgadas.
- Por que choras? - perguntaram as Oréiades.
- Choro por Narciso - disse o lago.
- Ah, não nos espanta que chores por Narciso - continuaram elas - Afinal de contas, apesar de todas nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, tu eras o único que tinha a oportunidade de comtemplar de perto a sua beleza.
- Mas Narciso era belo? - perguntou o lago.
- Quem mais do que tu poderia saber disso? - responderam, surpresas, as Oréiades. - Afinal de contas, era nas tuas margens que ele se debruçava todos os dias.
O lago ficou algum tempo silencioso. Por fim, disse:
- Eu choro por Narciso, mas nunca tinha percebido que Narciso era belo. Choro por Narciso porque todas as vezes que ele se debruçava sobre as minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza reflectida."


(Oscar Wilde cit. in O Alquimista)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Sou o que Sou...


Sinto que há momentos em que estou sozinha no mundo, que estou prestes a cair num poço sem fundo e que nunca mais me vou sentir bem…
Não me sinto bonita, nem por dentro nem por fora, e não acredito em quem me diz o contrário…
Penso que não mereço ser feliz porque sou fraca demais e não sei lutar por aquilo que quero. A vida enfraqueceu-me por dentro mas deixou-me forte por fora… a armadura está sempre lá para me proteger mas também impede qualquer um de me ajudar.
Não sou uma pessoa fácil mas consigo ter amigos, não suporto a ideia de estar sozinha mas às vezes sabe bem fugir de todos para encontrar o meu próprio caminho…
Há tanto dentro de mim que eu escondo que às vezes penso que vou rebentar, que as lágrimas vão cair no meu rosto e que todos vão poder ver o quanto estou destruída…
Há pouca coisa à qual me posso agarrar mas esse pouco dá-me força para continuar, para lutar pelo dia de amanhã, para acordar para um novo dia…
Talvez um dia consiga voltar a ser alguém que realmente vale a pena, por quem vale a pena lutar e que vale a pena amar…
Sou o que o sou mas, sinceramente, não gosto do que vejo…

segunda-feira, 30 de junho de 2008

terça-feira, 10 de junho de 2008

Jamais desistas.

Podes ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não te esqueças de que a tua vida é a maior empresa do mundo. E tu podes evitar que ela vá à falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por ti. Lembra-te de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões. Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas reflectir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornarmo-nos autores da própria história. É atravessar desertos fora de cada um de nós, mas sermos capazes de encontrar um oásis no recôndito da nossa alma. É agradecer a Deus em cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “perdoa-me”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de ti”. É ter capacidade de dizer “eu amo-te”. É ter humildade da receptividade. Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para seres feliz…
E, quando tu errares o caminho, recomeça.
Pois assim descobrirás que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desistas de ti mesmo.
Jamais desistas das pessoas que amas.
Jamais desistas de ser feliz, pois a vida é um espectáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de factores a demonstrarem o contrário.


Fernando Pessoa